20 setembro 2012

Jesus Cristo é enfim o que invisível preside e dirige os concílios da Igreja - Papa Pio XII {Parte 2}

 
 
CARTA ENCÍCLICA
MYSTICI CORPORIS

DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII



O CORPO MÍSTICO DE JESUS CRISTO
E NOSSA UNIÃO NELE COM CRISTO
 
 
 
69. E porque este corpo social de Cristo, como acima dissemos, por vontade do seu Fundador deve ser visível, é força que aquela conspiração de todos os membros se manifeste também externamente, pela profissão da mesma fé, pela recepção dos mesmos sacramentos, pela participação ao mesmo sacrifício, pela observância prática das mesmas leis. E ainda absolutamente necessário que haja um chefe supremo visível a todos, que coordene e dirija eficazmente para a consecução do fim proposto a atividade comum; e este é o vigário de Cristo na terra. Pois que, como o divino Redentor enviou o Paráclito, Espírito de verdade, para que em sua vez (cf. Jo 14,16 e 26) tomasse o governo invisível da Igreja, assim mandou a Pedro e aos seus sucessores que, representando na terra a sua pessoa, tomassem o governo visível da família cristã.
 
Nem é menor a união, que por ela se estabelece entre nós e com a divina cabeça; pois que todos os fiéis que "temos o mesmo Espírito de fé" (2Cor 4,13), somos iluminados pela mesma luz de Cristo, sustentados pelo mesmo manjar de Cristo, e governados pela mesma autoridade e magistério de Cristo.
 
73. Mas a esse amor de Deus e de Cristo é preciso que corresponda a caridade para com o próximo. E realmente como podemos nós afirmar que amamos o Redentor divino, se odiamos aqueles que ele, para os fazer membros do seu corpo místico, remiu com seu precioso sangue? Por isso o Apóstolo, entre todos predileto de Cristo, nos adverte: "Se alguém disser que ama a Deus, e odiar a seu irmão, mente. Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? E nós recebemos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu Irmão" (1Jo 4,20-21). Antes devemos afirmar que tanto mais unidos estaremos com Deus, e com Cristo, quanto mais "formos membros uns dos outros" (Rm 12,25), solícitos uns pelos outros (lCor 12,25); e por outra parte, tanto mais viveremos entre nós unidos e estreitados pela caridade, quanto mais ardente for o amor que nos unir a Deus e à nossa divina cabeça.
 
78. Certamente não desconhecemos quão difícil de entender e de explicar é esta doutrina da nossa união com o divino Redentor, e especialmente da habitação do Espírito Santo nas almas, pelos véus do mistério que a recatam e tornam obscura à investigação da fraca inteligência humana. Mas sabemos também que da investigação bem feita e persistente e do conflito e concurso das várias opiniões, se a investigação for orientada pelo amor da verdade e pela devida submissão à Igreja, brotam faíscas e se acendem luzes com que, mesmo neste gênero de ciências sagradas, se pode obter verdadeiro progresso...
 
a) Com amor sólido
90. Mas para que não nos deixemos enganar pelo anjo das trevas, transfigurado em anjo de luz (cf. 2Cor 11,14), seja esta a suprema lei do nosso amor: amar a esposa de Cristo tal como Cristo a quis e a adquiriu com seu sangue. Portanto não só devemos amar sinceramente os sacramentos, com que a Igreja, mãe extremosa; nos sustenta, e as solenidades com que nos consola e alegra, os cantos sagrados e a liturgia, com que eleva as nossas almas à, coisas do céu, mas também os sacramentais e os vários exercícios de piedade com que suavemente impregna de Espírito de Cristo e conforta as almas. E não só é nosso dever pagar com amor, como bons filhos, o seu materno amor para conosco, senão também venerar a sua autoridade que ela recebeu de Cristo e com que cativa as nossas inteligências em homenagem a Cristo (cf. 2Cor 10,5); e não menos obedecer às suas leis e preceitos morais, às vezes molestos à nossa natureza decaída; refrear a rebeldia deste nosso corpo com penitência voluntária, e até mortificar-nos, privando-nos de quando em quando de coisas agradáveis, embora não perigosas. Nem basta amar o corpo místico no esplendor da cabeça divina e dos dons celestes que o exornam; devemos com amor efetivo amá-lo tal qual se nos apresenta na nossa carne mortal, composto de elementos humanos e enfermiços, embora por vezes desdigam um pouco do lugar que ocupam em tão venerando corpo.
b) Que nos faça ver Cristo na Igreja
 
91. Ora para que esse amor sólido e perfeito more nas nossas almas e cresça de dia para dia, é preciso que nos acostumemos a ver na Igreja o próprio Cristo. Pois que é Cristo que vive na sua Igreja, por ela ensina, governa e santifica; é Cristo que de vários modos se manifesta nos vários membros da sua sociedade.
 
Se todos os fiéis se esforçarem por viver realmente com esse vivo espírito de fé, não só prestarão a devida honra e reverência aos membros mais altos deste corpo místico, sobretudo aos que um dia têm de dar conta das nossas almas (cf. Hb 13,17), mas amarão de modo particular aqueles que o Salvador amou com singularíssima ternura, quais são os enfermos, chagados, fracos, todos os que precisam de remédio natural ou sobrenatural; a infância, cuja inocência está hoje exposta a tantos perigos, e cuja alma se pode modelar como branda cera; os pobres nos quais com sua compaixão se deve reconhecer e socorrer a pessoa de Jesus Cristo.
 94. E primeiramente imitemos a vastidão daquele amor, esposa de Cristo é só a Igreja; contudo o amor do divino Esposo é tão vasto, que a ninguém exclui, e na sua esposa abraça a todo o gênero humano; pois que o Salvador derramou o seu sangue na cruz para conciliar com Deus a todos os homens de todas as nações e estirpes, e para os reunir num só corpo. Por conseguinte o verdadeiro amor da Igreja exige não só que sejamos todos no mesmo corpo membros uns dos outros, cheios de mútua solicitude (cf. Rm 12,5;1Cor 12,25), que se alegrem com os que se alegram e sofram com os que sofrem (cf. lCor 12,26), mas que também nos outros homens ainda não incorporados conosco na Igreja, reconheçamos outros tantos irmãos de Jesus Cristo segundo a carne, chamados como nós para a mesma salvação eterna.
 
É verdade que hoje não faltam - é um grande mal - os que vão exaltando a rivalidade, o ódio, o rancor, como coisas que elevam e nobilitam a dignidade e o valor do homem. Nós, porém, que magoados vemos os funestos frutos de tal doutrina, sigamos o nosso Rei pacífico, que nos ensinou a amar os que não são da mesma nação ou mesma estirpe (cf. Lc 10,33-37) até os próprios inimigos (cf. Lc 6,27-35; Mt 5,44-48). Nós, compenetrados dos suavíssimos sentimentos do Apóstolo das gentes, com ele cantemos o comprimento, a largura, a sublimidade, a profundeza da caridade de Cristo (cf. Ef 3,18), que nem a diversidade de nacionalidade, ou de costumes pode quebrar, nem a vastidão imensa do oceano diminuir, nem as guerras, justas ou injustas, arrefecer.
 
100. Os que não pertencem ao organismo visível da Igreja católica, como sabeis, veneráveis irmãos, confiamo-los também, desde o princípio do nosso pontificado, à proteção e governo do alto, protestando solenemente que a exemplo do bom pastor tínhamos um só desejo: "que eles tenham vida e a tenham em abundância". (61)

Esta nossa solene declaração queremos reiterar, depois de pedirmos as orações de toda a Igreja nesta encíclica em que celebramos os louvores "do grande e glorioso corpo de Cristo", (62) convidando a todos e cada um com todo o amor da nossa alma, a que espontaneamente e de boa vontade cedam às íntimas inspirações da graça divina e procurem sair de um estado em que não podem estar seguros de sua eterna salvação, (63) pois, embora por desejo e voto inconsciente, estejam ordenados ao corpo místico do Redentor, carecem de tantas e tão grandes graças e auxílios que só na Igreja católica podem encontrar. Entrem, pois, na unidade católica e unidos conosco no corpo de Jesus Cristo, conosco venham a fazer parte, sob uma só cabeça, da sociedade da gloriosíssima caridade.(64) Nós, jamais cessaremos as nossas súplicas ao Espírito de amor e verdade, e esperamo-los de braços abertos não como a estranhos, mas como a filhos que vêm para a sua casa paterna.
101. Mas se desejamos que sem interrupção subam até Deus as orações de todo o corpo místico implorando que os errantes entrem quanto antes no único redil de Jesus Cristo, declaramos contudo ser absolutamente necessário que eles o façam espontânea e livremente, pois que ninguém crê, senão por vontade. (65) Por conseguinte se alguns que não crêem são realmente forçados a entrar nos templos, a aproximar-se do altar e a receber os sacramentos, não se fazem verdadeiros cristãos: (66) a fé, sem a qual "é impossível agradar a Deus" (Hb 1,6), deve ser libérrima "homenagem da inteligência e da vontade".(67) Se, portanto, acontecesse que, contra a doutrina constante da Sé Apostólica, (68) alguém fosse obrigado a abraçar contra sua vontade a fé católica, nós, conscientes do nosso dever, não podemos deixar de o reprovar. Mas porque os homens são livres e podem, sob o impulso de más paixões e apetites desordenados, abusar da própria liberdade, então é necessário que o Pai das luzes, pelo Espírito de seu amado Filho, os mova e atraia eficazmente à verdade. Ora, se muitos ainda - infelizes - estão longe da verdade católica e não querem ceder às inspirações da graça divina, é porque não só eles, (69) mas também os fiéis não oram mais fervorosamente por essa intenção. Por isso nós uma e outra vez exortamos a todos a que, por amor da Igreja e seguindo o exemplo do divino Redentor, o façam continuamente.
 
103. Mas Cristo Senhor nosso mostrou seu amor à esposa imaculada não só trabalhando incansavelmente e orando constantemente, senão também com as dores e ignomínias que, por ela, espontânea e amorosamente tolerou. "Tendo amado aos seus... amou-os até ao fim" (Jo 13,1) e foi com seu sangue que ele adquiriu a Igreja (cf. At 20,28). Sigamos de boa vontade as sangüinolentas pisadas de nosso Rei, como exige a necessidade de assegurarmos a nossa salvação: "Se fomos enxertados nele pela semelhança da sua morte, sê-lo-emos também pela ressurreição" (Rm 6,5) e "se morrermos com ele, com ele viveremos" (2Tm 2,11). Exige-o igualmente a caridade verdadeira e efetiva para com a Igreja e para com as almas, que ela continuamente gera a Cristo. Com efeito, ainda que o Salvador, pelos seus cruéis tormentos e morte dolorosíssima, mereceu à Igreja um tesouro infinito de graças, contudo essas graças, por disposição da providência divina, são-nos comunicadas por partes; e a sua maior ou menor abundância depende não pouco também das nossas boas obras, com que impetramos da bondade divina e atraímos sobre os próximos a chuva dos dons celestes. Será esta chuva abundantíssima, se não nos contentarmos em oferecer a Deus fervorosas preces, sobretudo participando devotamente e, quanto possível, todos os dias, ao sacrifício eucarístico, mas também procuramos, com obras de misericórdia cristã, aliviar os sofrimentos de tantos indigentes; se preferirmos os bens eternos às coisas caducas deste mundo; se refrearmos este corpo mortal com voluntária mortificação, negando-lhe todo o ilícito, e impondo-lhe fadigas e austeridades; se recebermos com humildade, como da mão de Deus, os trabalhos e dores desta vida presente. E assim que, segundo o Apóstolo, "completaremos o que falta à paixão de Cristo na nossa carne, por amor do seu corpo que é a Igreja" (cf. Cl 1,24). Enquanto isto escrevemos, depara-se-nos à vista uma quase infinita multidão de infelizes, cuja sorte nos arranca lágrimas da maior compaixão: doentes, pobres, mutilados, caídos na viuvez ou na orfandade, e muitíssimos que em conseqüência dos sofrimentos próprios ou dos seus se vêem às portas da morte. A todos os que assim, por um motivo ou por outro, jazem imersos na tristeza e na angústia, exortamos com coração paterno a que levantem confiadamente os olhos ao céu e ofereçam os seus trabalhos Àquele que um dia os recompensará divinamente. Lembrem-se todos que a sua dor não é inútil; mas que será proveitosíssima a eles, e também à Igreja, se com esta intenção a sofrerem pacientemente. Para isso ajudá-los-á muitíssimo o oferecimento cotidiano de si mesmos a Deus, como usam fazer os membros do Apostolado da oração, pia associação, que nós aqui encarecidamente recomendamos, como sumamente aceita ao Senhor.
 
104. Mas se em todo o tempo devemos unir os nossos sofrimentos com os do divino Redentor para a salvação das almas, muito mais hoje em dia, veneráveis irmãos, quando o imenso incêndio da guerra abrasa quase todo o mundo e causa tantas mortes, tantas desgraças, tantos trabalhos; hoje de modo
 
especial é dever de todos fugir dos vícios, das seduções do século, das paixões desenfreadas da carne, e não menos da vaidade e futilidade das coisas terrenas, que nada aproveitam à vida cristã, nada para ganhar o céu. Ao contrário fixemos bem no Espírito aquelas gravíssimas palavras de Nosso imortal predecessor Leão Magno, quando afirmava que pelo batismo nos tornamos carne do Crucificado,(70) e a belíssima oração de santo Ambrósio: "Leva-me, ó Cristo, na tua cruz, a qual é a salvação dos errantes, o único descanso dos cansados, única vida dos mortais".(71)
 
 
AVE MARIA
 
 
 
Fonte:Vaticano


**************
O Catecismo Romano ensina:

82) não pertence à comunidade da Igreja: os infiéis, os hereges, os cismáticos e os excomungados.


O catecismo de São Pio X ensina:

199) Quem não acreditasse nas definições solenes do Papa, que pecado cometeria?
Quem não acreditasse nas definições solenes do Papa, ou ainda só duvidasse delas, pecaria contra a fé; e, se se obstinasse nesta incredulidade, já não seria mais católico, mas herege.

 
Cân. 751 Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.

Cân. 1364 § 1. O apóstata da fé, o herege ou o cismático incorre em excomunhão latae sententiae.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

+Seu comentário será publicado após aprovação.
In Christo Rege!

Você poderá gostar:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Pin It button on image hover