16 junho 2010

Preparação para o Sacramento do Matrimônio

1. A preparação para o matrimônio, para a vida conjugal e familiar, é de importância relevante para o bem da Igreja. De fato, o sacramento do Matrimônio tem um grande valor para toda a comunidade cristã e, em primeiro lugar, para os esposos, cuja decisão é tal que não poderia ser sujeita à improvisação ou a escolhas apressadas. Em outras épocas, tal preparação podia contar com o apoio da sociedade, a qual reconhecia os valores e os benefícios do matrimônio. A Igreja, sem obstáculos ou dúvidas, tutelava a sua santidade, sabedora do fato que o sacramento do Matrimônio representava uma garantia eclesial, qual célula vital do Povo de Deus. O apoio eclesial era, pelo menos nas comunidades realmente evangelizadas, firme, unitário, compacto. Eram raras, em geral, as separações e falências dos matrimônios, e o divórcio era considerado uma "chaga" social (cf. Gaudium et Spes = GS 47).

Hoje, ao contrário, em não poucos casos, assiste-se a um acentuado deterioramento da família e a uma certa corrupção dos valores do matrimônio. Em numerosas nações, sobretudo economicamente desenvolvidas, o índice de casamentos é reduzido. Costuma-se contrair matrimónio numa idade mais avançada e aumenta o número dos divórcios e das separações, até mesmo nos primeiros anos de vida conjugal. Tudo isto leva inevitavelmente a uma inquietação pastoral, mil vezes reforçada: Quem contrai matrimônio está realmente preparado para isso? O problema da preparação para o sacramento do Matrimônio, e para a vida que se lhe segue, emerge como uma grande necessidade pastoral  para o bem dos esposos, para toda a comunidade cristã e para a sociedade...

2. O Conselho Pontifício para a Família... tem seguido com atenção a preocupação pastoral no que se refere à preparação e celebração do sacramento do Matrimônio e à vida que se lhe segue, e foi repetidamente convidado a propôr um instrumento para a preparação dos noivos cristãos, o qual é o presente subsídio...

A preparação para o matrimônio constitui um momento providencial e privilegiado para aqueles que se orientam para este sacramento cristão, e um Kayrós, isto é, um tempo no qual Deus interpela os noivos e suscita neles o discernimento da vocação matrimonial e da vida na qual introduz. O noivado inscreve-se no contexto de um denso processo de evangelização.  Vêm confluir na vida dos noivos, futuros esposos, questões que incidem sobre a família. Eles são, por isso, convidados a compreender o que significa o amor responsável e maduro da comunidade de vida e de amor que será a sua família, verdadeira igreja doméstica, que contribuirá para enriquecer toda a Igreja.

A importância da preparação implica um processo de evangelização que é maturação e aprofundamento na fé. Se a fé está debilitada e quase inexistente (cf. Familiaris Consortio = FC 68), é necessário reavivá-la e não se pode excluir uma exigente e paciente instrução que suscite e alimente o ardor de uma fé viva. Sobretudo onde o ambiente se paganizou, será particularmente aconselhavel um « itinerário que recalque dinamismos do catecumenado » (FC 66) e uma apresentação das verdades cristãs fundamentais que ajudem a adquirir ou a reforçar a maturidade da fé dos contraentes...

O Código de Direito Canônico estabelece que se faça « a preparação pessoal para a celebração do matrimônio, pela qual os esposos se disponham para a santidade e os deveres do seu novo estado » (CIC can. 1063, 2, CCEO can. 783, § 1)...

7. A motivação doutrinal de fundo que inspira o documento-guia nasce da convicção de que o sacramento do matrimônio é um bem que tem a sua origem na Criação e que, por isso, afunda as suas raízes na natureza humana. « Não lestes como o Criador, no princípio, os fez homem e mulher? E disse: Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá com a sua mulher, e os dois serão uma só carne » (Mt 19, 4-5). Portanto, aquilo que a Igreja realiza em favor da família e do matrimônio contribui certamente par a o bem da sociedade, enquanto tal, e de todas as pessoas, porque o matrimônio cristão, mesmo na sua expressão de novidade de vida, realizada pelo Cristo Ressuscitado, exprime sempre a verdade do amor conjugal e é como uma profecia que anuncia, claramente, a verdadeira exigência do ser humano: homem e mulher, chamados, desde a sua orígem, a viver na comunhão de vida e de amor e na complementaridade que levam a conseguir a promoção da dignidade humana dos cônjuges, o bem dos filhos e o bem da própria sociedade, com « a defesa e a promoção da vida... tarefa e responsabilidade de todos » (EV 91).

A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO PARA O MATRIMÔNIO CRISTÃO

9. Ponto de partida para um itinerário de preparação para o matrimônio é o conhecimento de que o contrato conjugal foi assumido e elevado pelo Senhor Jesus Cristo, na força do Espírito Santo, a sacramento da Nova Aliança. Associa os cônjuges ao amor oblativo de Cristo Esposo pela Igreja, Sua Esposa (cf. Ef 5, 25-32) tornando-os imagem e participantes deste amor, faz deles um louvor ao Senhor e santifica a união conjugal e a vida dos fiéis cristãos que o celebram, dando origem à família cristã, igreja doméstica e « primeira célula vital da sociedade », (Apostolicam Actuositatem, 11) e « santuário da vida » (EV 92 e também nn. 6, 88, 94). O sacramento é, portanto, celebrado e vivido no coração da Nova Aliança, isto é, no mistério pascal. É Cristo, Esposo no meio dos seus (cf. Gratissimam Sane, 18; Mt 9, 15), que é fonte de todas as energias. Os casais e as famílias cristãs, por isso, não estão isolados nem abandonados.

O que aqui se chama Preparação compreende um amplo e exigente processo de educação para a vida conjugal, a qual deve ser considerada no conjunto dos seus valores. Por isso, a preparação para o matrimônio, se se considerar o momento psicológico e cultural atual, representa uma necessidade urgente. É educar para o respeito e a proteção da vida, que no Santuário das famílias se deve tornar uma verdadeira e própria cultura da vida humana em todas as suas manifestações e estados para aqueles que fazem parte do povo da vida e para a vida (cf. EV 6, 78, 105). A própria realidade do matrimônio é tão rica que requer primeiramente um processo de sensibilização a fim de que os noivos sintam a necessidade de se preparar. A pastoral familiar oriente, por isso, os seus melhores esforços para que tal preparação seja de qualidade, recorrendo também a subsídios de pedagogia e psicologia de sã orientação.

11. ... Hoje observamos, alarmados, a difusão de uma « cultura » ou de uma mentalidade desconfiada em relação à família como valor necessário para os esposos, para os filhos e para a sociedade. Há atitudes e medidas, comtempladas nas legislações, que não ajudam a família fundada sobre o matrimônio e negam até mesmo os seus direitos. Uma atmosfera de secularização tem-se difundido em diversas partes do mundo e arrasta especialmente os jovens submetendo-os à pressão de um ambiente de secularismo no qual se acaba por perder o sentido de Deus e, por consequência, perde-se também o sentido profundo do amor esponsal e da família. Não será negar a verdade de Deus, fechar a própria fonte e manancial deste íntimo mistério? (cf. GS 22). A negação de Deus, nas suas diversas formas, implica muitas vezes a recusa das instituições e das estruturas que pertencem ao desígnio de Deus, começado a concretizar-se desde a Criação (cf. Mt 19, 3ss). Desta maneira, tudo é concebido como fruto da vontade humana e ou de consentimentos que podem mudar.

12. Nos países em que o processo de descristianização está mais difundido, é evidente a preocupante crise dos valores morais e, em particular, a perda da identidade do matrimônio e da família cristã e, portanto, do próprio sentido do noivado. Ao lado destas perdas está a crise de valores no interior da família, para a qual contribui um clima de permissivismo difuso, mesmo legal. Isto é incentivado não pouco pelos meios de comunicação social que exibem modelos contrários como se fossem verdadeiros valores. Forma-se assim um contexto aparentemente cultural que se oferece às novas gerações como alternativa à concepção da vida conjugal e do matrimônio, ao seu valor sacramental e à sua ligação com a Igreja.

13. A agravar a situação contribuem as leis permissivas, com toda a força para forjar uma mentalidade que fere a família (cf. EV 59), em matéria de divórcio, aborto, liberdade sexual. Muitos meios de comunicação difundem, e colaboram para estabelecer um clima de permissividade e formam uma contextura que impede aos jovens o crescimento normal na fé cristã, a ligação com a Igreja e a descoberta do valor sacramental do matrimônio e das exigências que derivam da sua celebração. É verdade que uma educação para o matrimônio foi sempre necessária, mas a cultura cristã permitia uma mais fácil colocação e assimilação dela. Hoje, isto é, às vezes, mais trabalhoso e mais urgente.

16. A Palavra de Deus, viva na tradição da Igreja e aprofundada pelo Magistério, sublinha que o matrimônio implica para os esposos cristãos a resposta a uma vocação de Deus e a aceitação da missão de serem sinal do amor de Deus para todos os membros da família humana, sendo participação da aliança definitiva de Cristo com a Igreja. Assim, os esposos tornam-se cooperadores do Criador e Salvador no dom do amor e da vida. Por isso a preparação para o matrimônio cristão pode-se classificar como um itinerário de fé, que não termina com a celebração do matrimônio mas que continua em toda a vida familiar, e assim a nossa prospectiva não se encerra.. no momento da celebração, mas como estado permanente. É também por isso que a preparação é uma « ocasião privilegiada para que os noivos descubram e aprofundem a fé recebida no batismo e alimentada com a educação cristã. Desta forma reconhecem e acolhem livremente a vocação de seguir o caminho de Cristo e de se pôr ao serviço do Reino de Deus no estado matrimonial » (FC 51).

17...o período do noivado é um tempo de descoberta recíproca, mas também de aprofundamento da fé e, por isso, tempo de especiais dons sobrenaturais para uma espiritualidade pessoal e interpessoal; infelizmente, para alguns este período, destinado à maturação humana e cristã, pode ser perturbado por um uso irresponsável da sexualidade que não chega à maturação do amor esponsal. E, assim, alguns chegam a uma espécie de apologia das relações pré-matrimoniais.... o modo como é vivido este período terá certamente uma influência sobre a vida futura dos cônjuges e da família. Daqui a importância decisiva do auxílio que é oferecido aos noivos pelas respectivas famílias e por toda a comunidade eclesial. Isto é também motivo de oração; significativa a este propósito é a bênção dos noivos prevista no De benedictionibus (nn. 195-214), onde se lembram os sinais deste empenho inicial: o anel, a troca recíproca de presentes, ou outros costumes (nn. 209-210). É preciso no entanto reconhecer a densidade humana do noivado, evitando encará-lo de maneira banal...

AS ETAPAS OU MOMENTOS DA PREPARAÇÃO

21. As etapas ou momentos a que nos referiremos não são rigidamente definidos. Não se podem fixar nem em relação à idade dos destinatários, nem em relação à duração. Todavia, é útil conhecê-los como itinerários e instrumentos de trabalho, sobretudo por causa dos conteúdos a transmitir. São articulados em: preparação remota, próxima e imediata.

A. Preparação remota
22. A preparação remota abraça a infância, a pré-adolescência e a adolescência, e desenrola-se sobretudo na família, e também na escola e nos grupos de formação, como auxílios válidos. É um período em que é transmitida e como que instilada a estima por todo o autêntico valor humano, seja nos relacionamentos interpessoais, seja nos sociais, com tudo o que isto significa para a formação do caráter, o domínio e a estima de si, o correto uso das próprias inclinações, o respeito também para com as pessoas do outro sexo. Requere-se, além disso, especialmente para os cristãos, uma sólida formação espiritual e catequética (cf. FC 66).

23. A Carta às Famílias Gratissimam Sane...recorda duas verdades fundamentais na tarefa da educação: « a primeira é que o homem é chamado a viver na verdade e no amor; a segunda é que cada homem se realiza através do dom sincero de si » (n.16). A educação das crianças começa, por isso, antes do nascimento, no ambiente em que a vida nova do nascituro é esperada e acolhida, especialmente com o diálogo de amor entre a mãe e a sua criatura (cf. ibid. 16), e continua na infância, dado que a educação é « sobretudo uma "oferta" de humanidade por parte de ambos os pais: estes comunicam juntos a sua humanidade madura ao recém-nascido » (ibid.). « Na geração de uma nova vida, eles tomam consciência de que o filho "se é fruta da recíproca doação de amor dos pais, é, por sua vez, um dom para ambos: um dom que promana do dom" » (EV 92).

A educação cristã no seu sentido integral, que implica a transmissão e a consolidação dos valores humanos e cristãos como afirma o Concílio Vaticano II « não visa apenas à maturidade da pessoa humana acima descrita, mas objetiva em primeiro lugar que os batizados sejam gradativamente introduzidos no conhecimento do mistério da salvação e se tornem de dia para dia mais conscientes do dom recebido da fé... sejam treinados a orientar a própria vida segundo o homem novo na justiça e na santidade da verdade » (Gravissimum Educationis, 2).

24. Não pode faltar, neste período, também uma leal e corajosa educação para a castidade, para o amor como dom de si. A castidade não é mortificação do amor, mas condição de autêntico amor. Se a vocação ao amor conjugal é vocação ao dom de si no matrimônio, é necessário chegar a possuir-se verdadeiramente a si mesmo para se poder doar.

25. Nesta etapa ou momento da preparação remota são atingidos objetivos específicos. Sem ter a pretenção de se fazer uma lista exaustiva deles, de modo indicativo recorda-se que tal preparação deverá, antes de mais, conseguir a meta pela qual cada fiel, chamado ao matrimônio, compreenda a fundo que o amor humano, à luz do amor de Deus, assume um papel central na ética cristã. A vida humana, como vocação-missão, é chamamento ao amor que tem a sua nascente e o seu fim em Deus, « sem excluir a possibilidade do dom total de si a Deus na vocação à vida sacerdotal ou religiosa » (FC 66). Neste sentido é preciso recordar que a preparação remota, mesmo quando se detém sobre conteúdos doutrinais de caráter antropológico, se coloca na perspectiva do matrimônio no qual o amor humano se torna participação, além de sinal, do amor que acontece entre Cristo e a Igreja. Assim, o amor conjugal torna presente entre os homens o próprio amor divino tornado visível na redenção. A passagem ou conversão de um nível de fé mais exterior e vago, próprio de muitos jovens, a uma descoberta do « mistério cristão » é uma passagem essencial e decisiva: uma fé que implica a comunhão de Graça e de amor com o Cristo Ressuscitado.

26. A preparação remota terá atingido os seus principais objetivos no momento em que tenha consentido assimilar os fundamentos para adquirir, cada vez mais, os parâmetros de um correto juízo acerca da hierarquia de valores necessária para escolher o que de melhor oferece a sociedade, segundo o conselho de S. Paulo: « Examinai todas as coisas, conservai o que é bom » (1 Tess. 5,19). Nem se pode esquecer que, mediante a graça de Deus, o amor é curado, fortalecido e intensificado mesmo através dos necessários valores ligados à doação, ao sacrifício, à renúncia e abnegação...

27. Esta preparação não deve perder de vista um fato muito importante que consiste em ajudar os jovens a adquirir, em confronto com o ambiente, uma capacidade crítica e a terem também a coragem cristã de quem sabe estar no mundo sem ser do mundo. Nesse sentido leiamos a Carta a Diogneto, documento venerável desde a primeiríssima época cristã e de reconhecida autenticidade:
« Os cristãos não se diferenciam do resto dos homens nem pelo território, nem pela língua, nem pelos costumes de vida... (contudo) propõem-se uma forma de vida maravilhosa e, todos admitem, incrível... Como todos os outros, casam-se e têm filhos, mas não expõem as suas crianças. Têm em comum a mesa, mas não o tálamo. Vivem na carne, mas não segundo a carne » (V, 1, 4, 6, 7). A formação deverá conseguir uma mentalidade e uma personalidade capazes de não se deixar arrastar pelas concepções contrárias à unidade e à estabilidade do matrimônio, para assim poder reagir contra as estruturas do assim chamado pecado social que « se repercute, com maior ou menor veemência, com maior ou menor dano, sobre toda a estrutura social e sobre a inteira família humana » (Exortação Apostólica Reconciliatio et Paenitentia, 16).
É diante destes influxos de pecado e de tantas pressões sociais que deve ser revigorada uma consciência crítica.

28. O estilo cristão de vida.. já é uma evangelização, é o próprio fundamento da preparação remota. Outra meta é constituida pela apresentação da missão educativa dos próprios pais. É na família, igreja doméstica, que os pais cristãos são as primeiras testemunhas e os formadores dos filhos seja no crescimento da « fé-esperança-caridade », seja na configuração da vocação própria de cada um deles. « Os pais são os primeiros e principais educadores dos seus filhos e têm também neste campo uma competência fundamental: são educadores porque pais » (Gratissimam Sane, 16).

30. Este processo educativo deve ser também assumido pelos catequistas, pelos animadores da pastoral juvenil e vocacional e sobretudo pelos pastores que aproveitarão o momento das homilias durante as celebrações litúrgicas, e de outras formas de evangelização, de encontros pessoais, de itinerários de compromisso cristão, para sublinhar e evidenciar os pontos que contribuem para uma preparação orientada a um possível matrimônio (cf. OCM 14).

B. Preparação próxima
32. A preparação próxima desenrola-se durante o período do noivado. Articula-se em cursos específicos e é distinta da imediata, que geralmente se concentra nos últimos encontros entre os noivos e os agentes de pastoral, antes da celebração do matrimônio. Parece oportuno que, durante a preparação próxima, seja dada a possibilidade de verificar a maturidade dos valores humanos próprios da relação de amizade e de diálogo que caracterizam o noivado. Em vista do novo estado de vida que será vivida como casal, dê-se oportunidade para aprofundar a vida de fé e, sobretudo, aquilo que se refere ao conhecimento da sacramentalidade da Igreja. É esta uma etapa muito importante de evangelização, em que a fé deve incluir a dimensão pessoal e comunitária tanto dos noivos quanto de suas famílias. Nesse aprofundamento será também possível perceber as suas eventuais dificuldades em viver uma autêntica vida cristã.

33. O período desta preparação vem a coincidir em geral com a época da juventude; pressupõe-se portanto tudo o que é próprio da pastoral juvenil propriamente dita, que se ocupa do crescimento integral da fé. A pastoral juvenil não se pode separar do âmbito da família, como se os jovens formassem uma espécie de « classe social » separada e independente. Ela deve reforçar o sentido social dos jovens, em primeiro lugar com os membros da sua família, orientando os seus valores para a futura família que formarão. Os jovens terão já sido coadjuvados no discernimento da sua vocação através do empenho pessoal, e com a ajuda da comunidade, principalmente dos pastores. Isto deve iniciar-se ainda antes do compromisso do noivado. Quando a vocação se concretiza em direção ao matrimônio, será apoiada, em primeiro lugar, pela graça e depois por uma preparação adequada. A dita pastoral juvenil terá contudo presente que, por dificuldades de vários gêneros, como uma « adolescência prolongada » e, portanto, de uma mais longa permanência na família — fenômeno novo e preocupante —, o compromisso matrimonial dos jovens de hoje, é, não poucas vezes, excessivamente adiado.

34. Tal preparação próxima deverá basear-se, antes de mais, numa catequese alimentada pela escuta da Palavra de Deus, interpretada com a orientação do Magistério da Igreja, em vista de uma compreensão cada vez mais plena da fé, e de um testemunho na vida concreta.

35. Os noivos deverão ser instruídos sobre as exigências naturais ligadas ao relacionamento interpessoal homem-mulher no plano de Deus sobre o matrimônio e sobre a família: o conhecimento em ordem à liberdade de consentimento como fundamento da sua união, a unidade e indissolubilidade matrimonial, a correta concepção de paternidade-maternidade responsável, os aspectos humanos da sexualidade conjugal, o ato conjugal com as suas exigências e finalidades, a correta educação dos filhos. Tudo isto orientado para o conhecimento da verdade moral e para a formação da consciência pessoal.
A preparação próxima deverá certamente prever que os noivos possuam os elementos básicos de caráter psicológico, pedagógico, legal e médico, concernentes ao matrimônio e à família. Todavia, especialmente no que se refere à doação total e à procriação responsável, a formação teológica e moral deverá ter um aprofundamento particular. O amor conjugal é amor total, exclusivo, fiel e fecundo (cf. Humanae Vitae, 9).

Hoje está firmemente reconhecida a base científica dos métodos naturais de regulação da fertilidade. É útil o seu conhecimento; o seu emprego, quando existam causas justas, não deve permanecer mera técnica de comportamento, mas deve ser inserido na pedagogia e no processo de crescimento do amor (cf. EV 97). É então que a virtude da castidade entre os cônjuges leva a viver a continência periódica (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2366-2371).

Esta preparação deverá contudo garantir que os noivos cristãos tenham ideias exatas, e um sincero « sentire cum ecclesia », sobre o próprio matrimônio, sobre os papéis mútuos da mulher e do homem no casal, na família e na sociedade, sobre a sexualidade e a abertura aos outros.

36. É também óbvio que se deverão ajudar os jovens a tomar consciência de eventuais carências psicológicas e ou afetivas, especialmente da incapacidade de abrir-se aos outros e de formas de egoísmo que possam tornar vão o empenho total da sua doação. Tal ajuda levará contudo a descobrir as potencialidades e exigências de crescimento humano e cristão da sua existência. Por isso, os responsáveis preocupar-se-ão também de formar solidamente a consciência moral dos noivos para que estejam preparados para a livre e definitiva escolha do matrimônio que se exprimirá no consentimento mutuamente dado diante da Igreja, por meio do pacto conjugal.

37. Durante este momento do itinerário serão necessários encontros frequentes, num clima de diálogo, de amizade, de oração, com a participação de pastores e de catequistas. Estes deverão sublinhar que
« a família celebra o Evangelho da vida com a oração diária, individual e familiar: nela, agradece e louva o Senhor pelo dom da vida e invoca luz e força para enfrentar os momentos de dificuldade e sofrimento, sem nunca perder a esperança ». (EV 93). E, além disso, os casais... podem contribuir para iluminar cada vez melhor a vida cristã no contexto da vocação ao matrimônio e na complementaridade de todas as vocações.
Este período, portanto, não será somente de aprofundamento teórico, mas antes um caminho de formação, no qual os noivos, com o auxílio da graça e fugindo a qualquer forma de pecado, se preparam para se doar a si mesmos, como casal, a Cristo que sustém, purifica, nobilita o noivado e a vida conjugal. Adquire assim sentido pleno a castidade pré-matrimonial...

38. Segundo os sãos princípios pedagógicos da gradualidade e globalidade do crescimento da pessoa, a preparação próxima não deve desatender a formação para as tarefas sociais e eclesiais próprias daqueles que deverão, com o seu matrimônio, dar início às novas famílias. A intimidade familiar não seja concebida como intimismo fechado em si mesmo, mas antes como capacidade de interiorizar as riquezas humanas e cristãs, ingênitas na vida matrimonial em vista de uma cada vez maior doação aos outros. Por isso, a vida conjugal e familiar, numa concepção aberta da família, exige dos cônjuges que se reconheçam sujeitos que têm direitos mas também deveres para com a sociedade e a Igreja. A este respeito, será muito útil convidar a ler, e a reflectir, os seguintes documentos da Igreja que são uma densa e encorajante fonte de sabedoria humana e cristã: a Familiaris Consortio, a Carta às Famílias Gratissimam Sana, a Carta dos Direitos da Família, a Evangelium Vitae e outros.

40. Visto que o amor cristão é purificado, aperfeiçoado e elevado pelo amor de Cristo para com a Igreja (cf. GS 49), os noivos imitem este modelo progredindo na consciência da doação, sempre ligada ao respeito mútuo e à renúncia de si que ajudam a crescer nele. Portanto, a doação recíproca envolve cada vez mais o intercâmbio de dons espirituais e apoio moral, para um crescimento no amor e na responsabilidade. « O dom da pessoa exige ser duradouro e irrevogável. A indissolubilidade do matrimônio deriva primariamente da essência de tal dom: dom da pessoa à pessoa. Nesta doação recíproca, manifesta-se o caráter esponsal do amor » (Gratíssimam Sane, 11).

41. A espiritualidade esponsal, envolvendo a experiência humana, nunca separada da vida moral, tem as suas raizes no Batismo e na Confirmação. O itinerário de preparação dos noivos deverá, portanto, incluir uma recuperação dos dinamismos sacramentais com um papel particular dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia. O sacramento da Reconciliação glorifica a misericórdia divina para com a miséria humana, faz crescer a vitalidade batismal e os dinamismos próprios da Confirmação. Daqui o poder da pedagogia do amor redimido que faz descobrir com assombro a grandeza da misericórdia de Deus diante do drama do ser humano, criado por Deus e mais maravilhosamente remido. A Eucaristia, celebrando a memória da doação de Cristo à Igreja, desenvolve o amor afetivo próprio do matrimônio na doação cotidiana ao cônjuge e aos filhos, sem esquecer e deixar de atender a que « a celebração que dá significado a qualquer forma de oração e de culto é a que se exprime na existência cotidiana da família, quando esta é uma existência feita de amor e doação » (EV 93).

43. Por isso, os colaboradores e responsáveis sejam pessoas de doutrina segura e fidelidade indiscutível ao Magistério da Igreja, de modo que possam transmitir, com um conhecimento suficiente e aprofundado e com o testemunho de vida, as verdades de fé e as responsabilidades ligadas ao matrimônio...

45. Assim, o resultado final deste período de preparação próxima será constituído por um claro conhecimento das notas essenciais do matrimónio cristão: unidade, fidelidade, indissolubilidade, fecundidade; a consciência de fé sobre a prioridade da Graça sacramental, que associa os esposos, sujeitos e ministros do sacramento, ao Amor de Cristo Esposo da Igreja; a disponibilidade em viver a missão própria das famílias no campo educativo social e eclesial.

46. Como recorda a Familiaris Consortio, o itinerário formativo dos jovens noivos deverá, por isso, prever: o aprofundamento da fé pessoal e a redescoberta dos valores dos sacramentos e experiência de oração; a preparação específica para a vida a dois « que, apresentando o matrimônio como uma relação interpessoal do homem e da mulher em contínuo desenvolvimento, estimule a aprofundar os problemas da sexualidade conjugal e da paternidade responsável, com os conhecimentos médico-biológicos essenciais que lhe estão anexos, e os leve à familiaridade com métodos adequados de educação dos filhos, favorecendo a aquisição dos elementos de base para uma condução ordenada da família » (FC 66)...

Além disso, os nubentes sejam ajudados preventivamente, de modo a poderem depois manter e cultivar o amor conjugal; a comunicação interpessoal-conjugal; as virtudes e dificuldades da vida conjugal; e como superar as inevitáveis « crises » conjugais.

47. Todavia, o centro de tal preparação deverá ser constituído pela reflexão na fé, através da Palavra de Deus e da orientação do Magistério, sobre o sacramento do Matrimônio. Dar-se-ão portanto aos nubentes a consciência de que o tornar-se « una caro » (Mt 19, 6) em Cristo, na força do Espírito, com o matrimônio cristão, significa imprimir à própria existência uma nova conformação da vida batismal. O seu amor tornar-se-á, com o sacramento, expressão concreta do amor de Cristo pela sua Igreja (cf. LG 11). À luz da sacramentalidade, os próprios atos conjugais, a procriação responsável, a ação educativa, a comunhão de vida, a apostolicidade e a missionaridade ligadas à vida dos cônjuges cristãos, são considerados momentos válidos de experiência cristã. Cristo, embora de modo não ainda sacramental, sustenta e acompanha o itinerário de graça e de crescimento dos noivos para a participação no seu mistério de união com a Igreja.

Este Conselho Pontifício...exorta que a duração dos cursos específicos não seja de tal modo breve que se reduzam a uma simples formalidade. Deverá...dar-se o tempo suficiente para uma boa e clara apresentação dos assuntos fundamentais acima indicados....Os conteúdos, sem esquecer aspectos vários da psicologia, da medicina e de outras ciências humanas, devem ser centrados sobre a doutrina natural e cristã do matrimônio.

49. Nesta preparação...é necessário formar e fortalecer os nubentes nos valores que se referem à defesa da vida. De modo peculiar pelo fato de se tornarem igreja doméstica e « Santuário da vida » (EV 92-94) farão parte a novo título do « povo da vida e pela vida » (EV 6, 101). A mentalidade contraceptiva, que hoje impera em tantos lugares, e as legislações permissivas espalhadas, com tudo o que comportam de desprezo pela vida desde o momento da concepção até à morte, constituem um conjunto de ataques múltiplos a que a família está exposta, ferindo-a no mais íntimo da sua missão e impedindo o seu desenvolvimento segundo as exigências de um autêntico crescimento humano (cf. Centesimus Annus, 39). Portanto, hoje mais do que nunca, é necessária uma formação da mente e do coração dos componentes e novos lares domésticos para não se conformarem com as mentalidades dominantes. Poderão assim contribuir um dia, com a sua vida de novas famílias, para criar e desenvolver a cultura da vida, respeitando e acolhendo, no íntimo do seu amor, as novas vidas como testemunho e expressão do anúncio, celebração e serviço para com cada vida (cf. EV 83-84, 86, 93).

C. Preparação imediata
50. Onde tenha sido percorrido e assimilado um itinerário conveniente ou cursos específicos durante o período da preparação próxima (cf. n. 32 ss.), as finalidades da preparação imediata poderão consistir nas seguintes:

a) sintetizar o percurso do itinerário precedente, especialmente nos conteúdos doutrinais, morais e espirituais, preenchendo assim as eventuais carências da formação básica;
b) realizar experiências de oração (retiros espirituais, exercícios para nubentes) em que o encontro com o Senhor possa fazer descobrir a profundidade e a beleza da vida sobrenatural;
c) realizar uma conveniente preparação litúrgica que preveja mesmo a participação ativa dos nubentes, com cuidado especial no sacramento da Reconciliação;
d) valorizar, por um conhecimento mais aprofundado de cada um, os colóquios canonicamente previstos com o pároco.

51. Onde, por alguma grave causa se apresentem casais com a iminência urgente da celebração do matrimônio, sem a preparação próxima, o pároco..terá o cuidado de lhes proporcionar algumas ocasiões para recuperar o conhecimento conveniente dos aspectos doutrinais, morais e sacramentais que foram expostos como próprios da preparação próxima e, por fim, inseri-los-ão na fase de preparação imediata.

Requere-se isto pela necessidade de personalizar em concreto os itinerários formativos, para aproveitar todas as ocasiões para aprofundar o sentido daquilo que se realiza no sacramento, sem afastar, por motivo da ausência de algumas etapas de preparação, aqueles que revelam uma adequada disposição em relação à fé e ao sacramento.

52. A preparação imediata para o sacramento do Matrimônio deve encontrar ocasiões convenientes para iniciar os noivos no rito matrimonial. Nesta preparação, além de se aprofundar a doutrina cristã sobre o matrimônio e a família, com particular referência aos deveres morais, os nubentes devem ser ajudados a tomar parte consciente e ativa na celebração nupcial, entendendo também o significado dos gestos e dos textos litúrgicos.

53. Esta preparação para o sacramento do Matrimônio deveria ser o remate de uma catequese que ajude os noivos cristãos a percorrer de novo, conscientemente, o seu itinerário sacramental.
É importante que eles saibam que se unem no matrimõnio enquanto batizados em Cristo, que na sua vida familiar se devem comportar em sintonia com o Espírito Santo. Convém, portanto, que os futuros esposos se disponham para a celebração do matrimônio para que ela seja válida, digna e frutuosa, recebendo o sacramento da Penitência (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1622). A preparação litúrgica do sacramento do Matrimônio deve valorizar os elementos rituais atualmente disponíveis. Para que se veja uma relação clara entre o sacramento nupcial e o mistério pascal, a celebração do matrimônio é normalmente inserida na celebração eucarística.
54. Como a Igreja se torna visível na diocese e esta se articula nas paróquias, compreende-se como toda a preparação canónico-pastoral para o matrimônio seja do âmbito paroquial e diocesano. É, por isso, mais conforme com o significado eclesial do sacramento que o matrimônio seja celebrado, como norma (CIC can. 1115) na igreja da comunidade paroquial a que pertencem os noivos.

55. Convidem-se aqueles que tomarão parte ativa na ação litúrgica a dispor-se oportunamente também para o sacramento da Reconciliação e da Eucaristia. Explique-se às testemunhas que elas são garantes não só de um ato jurídico, mas também representantes da comunidade cristã, que participa por meio delas num ato sacramental que lhe diz respeito, visto que uma nova família é uma célula da Igreja. Pelo seu caráter essencialmente social, o matrimônio requer uma participação plena da sociedade e isto é expresso pela presença das testemunhas.

56. A família é o lugar mais apropriado em que os pais, em virtude do sacerdócio comum, podem realizar gestos sagrados e administrar alguns sacramentais, a juizo do Ordinário do lugar, como por exemplo, nas circunstâncias da Iniciação Cristã, nos acontecimentos alegres ou dolorosos da vida cotidiana, na Bênção da mesa. Um lugar peculiar é dado à oração em família. Ela deve criar um clima de fé no interior do lar e será um meio para viver, em relação aos filhos, uma paternidade-maternidade mais plena, educando-os na oração e introduzindo-os na descoberta progressiva do mistério de Deus e no colóquio pessoal com Ele. Lembrem-se os pais que, através da educação dos filhos, assumem a sua missão de anunciar o Evangelho da vida (cf. EV 92).
58. A preparação dos noivos seja acompanhada de sincera e profunda devoção a Maria, Mãe da Igreja, Rainha das famílias; os próprios noivos sejam preparados para saber compreender que a presença de Maria é tão ativa na Grande Igreja como na família, Igreja Doméstica; sejam também levados a imitar Maria nas suas virtudes. Assim, a Sagrada Família, isto é, o lar de Maria, José e Jesus, fará descobrir aos noivos « como é doce e insubstituível a educação em família » (Paulo VI, Discurso em Nazaré, 5, I, 1964).
A CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO
60. A preparação para o matrimônio introduz na vida conjugal, através da celebração do sacramento. Ela é o cume do caminho de preparação percorrido pelos noivos e é fonte e origem da vida conjugal. Para isso, a celebração não pode ser reduzida a uma cerimônia, fruto da cultura e dos condicionamentos sociológicos. Todavia, louváveis costumes próprios dos diversos povos ou etnias podem ser assumidos na celebração (cf. Sacrosanctum Concilium, 77; FC 67), com a condição de que eles exprimam, antes de mais, o reunir-se da assembleia eclesial como sinal da fé da Igreja, que reconhece no sacramento a presença do Senhor Ressuscitado que une os esposos ao Amor Trinitário.

61. Compete aos Bispos ...dar disposições precisas e vigiar sobre a atuação prática, para que na celebração do matrimônio se cumpra a indicação dada no artigo 32 da Constituição sobre a Liturgia, de modo que apareça ...a igualdade dos fiéis e também seja evitada toda a aparência de luxo... Dêem-se subsídios idôneos para captar e saborear a riqueza do rito.

62. Lembrando-se de que onde dois ou três estão reunidos em nome de Cristo (cf. Mt 18, 20), Ele está aí presente, a celebração em estilo sóbrio (estilo que deve continuar também nos festejos) não só deve ser expressão da comunidade de fé, mas deve ser motivo de louvor ao Senhor. Celebrar o casamento no Senhor e diante da Igreja significa professar que o dom de graça dado aos cônjuges, da presença e do amor de Cristo e do Seu Espírito, exige uma resposta ativa, com uma vida de culto em espírito e verdade, na família cristã, « Igreja doméstica ». Até para que a celebração seja compreendida não só como ato legal, mas também como momento de história da salvação nos cônjuges, e através do seu sacerdócio comum, para o bem da Igreja e da sociedade...

63. Será, por isso, preocupação de quem preside ...pôr em evidência o papel dos ministros do sacramento do Matrimônio que, para os cristãos de Rito latino, são os próprios esposos, e o valor sacramental da celebração comunitária. Os esposos, com a fórmula da troca de consentimento, poderão sempre recordar o aspecto pessoal, eclesial e social que dela derivam para toda a sua vida, como dom de um ao outro até à morte.

O Rito oriental reserva para o sacerdote assistente o papel de ministro do matrimônio. Em qualquer caso, a presença do sacerdote ou do ministro para isso delegado é necessária, segundo a lei da Igreja, para a validade da união matrimonial, e manifesta claramente o sentido público e social da aliança esponsal tanto para a Igreja como para toda a sociedade.

64. Visto que o matrimônio, ordináriamente, se celebra durante a Missa (cf. Sacrosancto Concilium, 78; FC 57), quando se trate de um matrimônio entre parte católica e parte batizada não católica, a celebração desenvolver-se-á segundo as especiais disposições litúrgico-canónicas (cf. OCM 79-117).

65. A celebração resultará mais ativamente participada se se fizer uso de monições particulares que introduzem no sentido dos textos litúrgicos e no conteúdo das orações. A sobriedade das próprias monições deverá favorecer o recolhimento e a compreensão da importância da celebração (cf. OCM 52, 59, 65, 87, 93, 99), evitando que a celebração se torne um momento didático.

66. O celebrante que preside e que torna manifesto à assembleia o sentido eclesial daquele compromisso conjugal, procurará envolver ...os nubentes, juntamente com os parentes e as testemunhas, na compreensão da estrutura do rito, especialmente daquelas partes que o caracterizam, como: a palavra de Deus, o consentimento dado e ratificado, a bênção dos sinais que recordam o matrimônio (aneis, etc.), a solene bênção dos esposos, a lembrança dos esposos no coração da Oração Eucarística. « As diversas Liturgias são ricas em orações de bênção e em epicleses que pedem a Deus a sua graça e a bênção do novo casal, especialmente da esposa » (Catecismo da Igreja Católica, n. 1624). Além disso será necessário explicar o gesto da imposição das mãos sobre os « sujeitos-ministros » do sacramento...

68. A proclamação da Palavra de Deus seja feita por leitores idôneos e preparados. Podem mesmo ser escolhidos entre os presentes, especialmente entre as testemunhas, os familiares, os amigos, porém não parece oportuno que sejam os próprios nubentes: eles são os primeiros destinatários da Palavra de Deus proclamada. Mas a escolha das leituras pode ser feita de acordo com os noivos, na fase da preparação imediata. Desse modo guardarão mais facilmente a Palavra de Deus para a traduzir na prática.

69. A homilia, que se deve sempre fazer, terá o seu centro na apresentação do « grande mistério » que se está a celebrar diante de Deus, da Igreja e da sociedade. « São Paulo sintetiza o tema da vida familiar com a palavra: "grande mistério" (cf. Ef 5, 32; Gratissimam Sane, 19). Partindo dos textos proclamados pela Palavra de Deus e ou das orações litúrgicas, dever-se-á iluminar o sacramento e, portanto, ilustrar as suas consequências na vida dos esposos e nas famílias. Evitem-se referências supérfluas à pessoa dos esposos.

70. As ofertas podem ser levadas pelos próprios esposos ao altar, se o rito se desenrola com a celebração da Missa. Em qualquer caso, a oração dos fiéis, convenientemente preparada, não seja nem prolixa, nem pouco concreta. A Sagrada Comunhão, segundo a oportunidade pastoral, poderá fazer-se sob as duas espécies.

71. Cuidar-se-á de que os particulares da celebração matrimonial sejam caracterizados por um estilo de sobriedade, de simplicidade, de autenticidade. O tom de festa não deverá ser prejudicado por excesso de pompa.

72. A bênção solene dos esposos vem recordar que, no sacramento do Matrimônio, é também invocado o dom do Espírito, por meio do qual os cônjuges se tornam mais constantes na mútuo concórdia e espiritualmente sustentados no cumprimento da sua missão e também nas dificuldades da vida futura. Será certamente conveniente, no quadro desta celebração, apresentar como modelo de vida para os esposos cristãos o modelo da Sagrada Família de Nazaré.

73. Enquanto que, pelo que se refere aos períodos de preparação remota, próxima e imediata é bom recolher as experiências em ato, a fim de se chegar a uma forte mudança de mentalidade e de práxis, sobre a celebração, o cuidado dos agentes de pastoral deverá ser posto em seguir e fazer compreender aquilo que já está fixado e estabelecido pelo ritual litúrgico...

Fonte: Conselho Pontifício para a Família - Vaticano, 1996.

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In Christo Rege!

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