13 fevereiro 2013

Piedade Popular durante a Quaresma

 
 
 
 
 
A veneração do Cristo crucificado

127. O caminho quaresmal termina com o início do Tríduo Pascal, isto é, com a celebração da Missa In Cena Domini. No Tríduo pascal a Sexta-feira Santa, dedicada a celebrar a Paixão do Senhor, é o dia por excelência da "Adoração da santa Cruz".

Contudo, a piedade popular gosta de antecipar a veneração cultual da Cruz. De fato, durante todo o período da Quaresma, na sexta-feira que, por antiquíssima tradição cristã, é o dia em que se comemora a Paixão de Cristo, os fiéis orientam espontaneamente a sua piedade para o mistério da Cruz.

Contemplando o Salvador crucificado, eles entendem mais facilmente o significado da dor imensa e injusta que Jesus, o Santo e o Inocente, sofreu pela salvação do homem, e compreendem também o valor do seu amor solidário e a eficácia do seu sacrifício redentor.

128. As expressões de devoção a Cristo crucificado, muitas e variadas, adquirem especial relevo nas igrejas dedicadas ao mistério da Cruz ou nas quais são veneradas relíquias consideradas autênticas do lignum Crucis. De fato, a "descoberta da Cruz", que segundo a tradição se deu na primeira metade do século IV, com a subsequente difusão no mundo todo de veneradíssimas partículas, determinou um notável incremento do culto à Cruz.

Nas manifestações de devoção a Cristo crucificado, os elementos comuns da piedade popular como cânticos e orações, gestos como a exposição, o beijo, a procissão e a bênção com a cruz, entrelaçam-se de modo variado, dando lugar a práticas de piedade, às vezes preciosas por seu valor conteudístico e formal.
 
Entretanto, a piedade para com a Cruz tem muitas vezes necessidade de ser iluminada. Isto é, deve-se mostrar aos fiéis a essencial referência da Cruz ao evento da Ressurreição: a Cruz e o túmulo vazio, a Morte e a Ressurreição de Cristo são inseparáveis na narrativa evangélica e no projeto salvífico de Deus. Na fé cristã, a Cruz é expressão do triunfo sobre o poder das trevas e, por isso, é apresentada enriquecida com pedras preciosas e se tornou sinal de bênção seja quando é traçada sobre si próprio ou sobre outras pessoas e objetos.

129. O texto evangélico, singularmente detalhado na narrativa dos vários episódios da Paixão, e a tendência à especificação e à diferenciação própria da piedade popular fizeram com que os fiéis voltassem sua atenção também para aspectos particulares da Paixão de Cristo e, em seguida, fizessem deles objeto de devoções particulares: ao Ecce Homo, Cristo zombado, "com a coroa de espinhos e o manto de púrpura" (Jo 19, 5), que Pilatos mostra ao povo; às sagradas chagas do Senhor, sobretudo a ferida do lado e o sangue vivificador que daí jorrou (cf. Jo 19, 34); aos instrumentos da Paixão, tais como a coluna da flagelação, a escada do pretório, a coroa de espinhos, os cravos, a lança que o traspassou; ao santo sudário ou lençol da deposição.

Essas expressões de piedade, promovidas em algunas casos por pessoas eminentes em santidade, são legítimas. Entretanto, para evitar um fracionamento excessivo na contemplação do mistério da Cruz, é conveniente que se acentue o conjunto todo da Paixão, segundo a tradição bíblica e patrística.

A leitura da Paixão do Senhor

130. A Igreja exorta os fiéis à leitura frequente, individual e comunitária, da Palavra de Deus. Ora, não há dúvida de que entre as páginas bíblicas a narrativa da Paixão do Senhor tem um especial valor pastoral e, por isso, por exemplo, o Ritual da unção dos enfermos e sua assistência pastoral sugere que se leia, na hora da agonia do cristão, a narrativa da Paixão do Senhor, por inteiro ou algumas perícopes dela.
No tempo da Quaresma, o amor para com Cristo crucificado deverá levar as comunidades cristãs a preferir, sobretudo na quarta e na sexta-feira, a leitura da Paixão do Senhor.

Essa leitura, de grande significado doutrinal, chama a atenção dos fiéis seja por causa do conteúdo, seja por causa da forma narrativa, e provoca neles sentimentos de genuína piedade: arrependimento das culpas cometidas, pois os fiéis percebem que a Morte de Cristo aconteceu para a remissão dos pecados de todo o gênero humano e, portanto, também dos próprios; compaixão e solidariedade para com o Inocente injustamente perseguido; gratidão pelo amor infinito que Jesus demonstrou na sua Paixão para com todos os homens; empenho em seguir os exemplos de mansidão, paciência, misericórdia, perdão das ofensas, abandono confiante nas mãos do Pai, que Jesus deu com grande abundância e eficácia na sua Paixão.

Fora da celebração litúrgica, a leitura da Paixão poderá ser oportunamente "encenada", confiando aos vários leitores os textos correspondentes aos diferentes personagens; como também poderá ser intercalada por cânticos e momentos de silêncio meditativo.
 
 
Fonte: Cozinha e Biblioteca - se ainda não conhece este blog não deixe de fazer uma visita!
 
 
 
 
 

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In Christo Rege!

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