Um concílio a ser redescoberto (II)

Vamos redescobrir o verdadeiro CVII

...Ainda que o problema não seja o concílio e seus documentos....muitos enxergam o problema - e o Cardeal Ratzinger está entre eles - ...que é as diversas falsas interpretações desses documentos e que tem levado à inúmeros abusos...

Contudo o Cardeal repete claramente que: "Vaticano II é uma promulgação oficial, com documentos autênticos e não pode ser responsabilizado por este efeito no qual, ao contrário, radicalmente contradiz ambos, o sentido exato dos textos e a mentalidade dos Padres do concílio"....Eu estou convencido que o estrago que se tem incorrido nestes 20 anos não é devido ao concílio, mas ao desencadeamente dentro da Igreja de uma polêmica latente e uma força centrífuga; e fora da Igreja devido a confrontação com a revolução cultural no Ocidente: o sucesso da classe média alta, a nova "terceira burguesia" com esta ideologia radical-liberal do individualismo, racionalismo e hedonismo...

Por isso, seu conselho para todos os Católicos que desejam permanecer como tal, é certamente, não recusar e sim, retornar ao textos autênticos e originais do CVII..."Para mim, hoje, defender a verdadeira Tradição da Igreja significa defender o Concílio Vaticano II"...É culpa nossa também se ás vezes temos provido um pretexto (ambos os lados) de enxergar o CVII como uma quebra e abandono da tradição. Há, ao invés, uma continuidade que tampouco permite um retorno ao passado ou uma mudança radical....

Temos que nos manter fiél a Igreja de hoje...e a Igreja de hoje é os documentos do CVII, sem limitações que os amputa e sem arbitrariedade que os deturpa."

E o Cardeal continua..."essa disposição de partes - antes e depois - na história da Igreja inteiramente injustificado pelos documentos do CVII, que não traz nada senão reafirma a continuidade do catolicismo, deve ser decididamente resistido. Não existe Igreja pré ou pós concílio: existe Uma, Única Igreja que caminha à Deus, sempre aprofundando e sempre compreendendo melhor o tesouro da nossa fé que ELE mesmo nos confiou. Não há salto nessa história, não há fraturas e não há quebra de continuidade. De forma alguma o concílio pretendeu introduzir uma dicotomia temporal na Igreja".

....a leitura dos documentos  nos permitirá descobrir o verdadeiro "espírito" do CVII. Neste caso, redescoberto na sua verdade, os textos farão com que seja possível enterdermos o que aconteceu e reagir com um novo vigor. Eu repito:

"o católico que claramente e, consequentemente dolorosamente, percebe o estrago que tem  sido feito na sua Igreja pelas interpretações errôneas do CVII é obrigado a encontrar o restabelecimento no próprio CVII. O concílio é dele, o concílio não pertence aos que  querem continuar neste caminho que temos visto de resultado catastrófico. O concílio não pertence aqueles que, não por acaso, não sabem o que fazer do CVII e que olham como uma "era retrógrada clérical"...

...Não pode ser esquecido que, ele continua, todo concílio é primeiramente a reforma do - cume - que deve então  propagar a base do fiél.... Isto que dizer que todo concílio, para que tenha frutos, deve ser seguido por uma onda de santidade... Salvação pela Igreja vem de dentro dela mas isto não quer dizer que venha da hierarquia. Se os resultados do CVII serão considerados como um período luminoso na história da Igreja dependerá de todos os católicos que são chamados à "dar a vida". Como João Paulo II disse: "A Igreja hoje não precisa de novos reformadores. A Igreja hoje precisa de novos Santos".

...Para muitos, estes anos têm sido como uma árdua purificação, quase um caminho de fogo, que tem aberto a possibilidade de aprofundar a nossa fé... 

Poderemos superar isto somente se enfrentarmos "no caminho certo"...

Por: Cardeal Ratzinger - Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,1985.

Fonte: Cardeal Ratzinger, J., Messori, V. The Ratzinger Report - 2. Ed., 1986. cap 2.
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Um concílio a ser redescoberto (I)

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