Falar em línguas é mencionado pela primeira vez em Atos dos Apóstolos em relação ao Pentecostes quando os apóstolos falavam à multidão, e todos, desde as diversas nações ouviram tudo em sua língua nativa.
Apareceu-lhes então um espécie de línguas de fogo, que se repartiram e repousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindo de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniram-se muita gente e maravilhavam-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. (Atos 2, 3-6)
Observe que, neste caso, falar em línguas tinha o objetivo de aumentar a comunicação, de modo que os "atos poderosos de Deus" (ou seja, a Encarnação, Paixão e Ressurreição de Cristo) fossem proclamados a todas as nações. Não tinha nada a ver com o balbuciar ininteligível.
Fala ininteligível
No entanto, em suas Epístolas, São Paulo menciona que falar em línguas é um dom do Espírito, e nós sabemos que ele estava se referindo aqui à fala ininteligível, porque ele também mencionou o dom de interpretação de línguas (1 Cor 12,10).
Agora, o problema, como você bem percebe, é que falando coisas ininteligíveis pode levar a abusos. Se não sabemos o que está sendo dito, então pode muito bem ser uma coisa diabólica... Além disso, quando as pessoas se reúnem em grupos, a pressão social pode facilmente levar à histeria, delírio compartilhado, e orgulho espiritual.
Orgulho Espiritual
De fato, São Paulo teve que corrigir este problema do orgulho espiritual dentro da igreja de Corinto. Paulo disse aos coríntios que "construir" a igreja - edificá -los, exortá-los e consolá-los (1 Coríntios 14:3) é muito mais importante do que falar em línguas. Assim, ele lembra, "se vossa língua só profere palavras ininteligíveis, como se compreenderá o que dizeis?..." (1 Coríntios 14,9). Assim, ele dá a sua direta reprovação contra a "espiritualidade" cheia de si dos Coríntios:
De outra forma, se só renderes graças com o espírito, como dirá "Amén" a tuas ações de graças aquele que ocupar o lugar dos simples? Sem dúvida, as tuas ações de graças podem ser belas, mas o outro não é edificado. Graças a Deus que possuo o dom de línguas superior a todos vós. Mas prefiro falar na assembléia cinco palavras que compreendo, para instruir também os outros, a falar dez mil palavras em línguas.(1 Cor 14,16-19)
Paulo compreendeu verdadeiramente o significado de morrer para si mesmo ao serviço dos outros, na imitação do amor de Cristo por nós. Por isso, ele ofereceu um conselho puro, prático aos Coríntios: anular o orgulho pessoal e auto-satisfação e procurar sempre a salvação dos outros.
Paulo está dizendo aqui que, se quisermos falar em línguas em particular, para expressar sentimentos simples de ação de graças ou a felicidade, pode servir para nossa edificação. No entanto, se outras pessoas estiverem presentes a questão é diferente. Então mais uma vez leia o conselho de Paulo:
Se há quem fala em línguas, não fale senão dois ou três, quando muito, e cada um por sua vez, e haja alguém que interprete. Se não houver intérprete, fiquem calados na reunião, e falem consigo mesmos e com Deus. (1 Cor 14,27-28)
Interpretação
Observe que quando Paulo fala de alguém que deveria interpretar, ele não está se referindo à auto-interpretação, pois se fosse esse o caso, toda a experiência poderia ser uma questão de auto-ilusão. A interpretação é um dom real em si, distinto do dom de línguas. É também um dom raramente manifestado hoje em grupos de oração que incentivam falar em línguas. Na minha opinião, essa falta de interprete fala bastante à respeito do assunto. Assim como na psicoterapia, quando a interpretação [1] esta ausente, não há sentido de cura ao que foi dito. É tudo um monte de "falar ao vento" (1 Cor 14,9).
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1. Na psicoterapia, a interpretação é um processo pelo qual o psicoterapeuta bem treinado e experiente traz à consciência o significado inconsciente do discurso do cliente.
Fonte: chastitysf
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