22 julho 2010

Considerações interessantes sobre o Dom de "Orar em Lingua"



Alan Shreck em "Católico e cristão" (Serva, 1984) diz na p. 11 em uma citação de Kilian McDonnell, OSB - Certamente as Igrejas católicas e protestantes, tem uma dívida com os clássicos pentecostais por testemunharem o papel do Espírito Santo e seus dons. Isto é necessário para o evangelho ser "completo".
COMENTÁRIOS: Kilian McDonnell, em p. 1 no mesmo livro é chamado de "líder católico ecumenista ". Ele também é um líder carismático - um dos editores de "Fanning the Flame" Liturgical press, 1991*. Tanto este livreto quanto o livro de Schreck estão lutando arduamente para convencer a todos que os dons dos carismáticos são necessários para o "evangelho pleno". Eles dizem que os fenômenos carismáticos são apenas a atualização dos dons do Espírito Santo recebido no Batismo.

Precisamos de algumas distinções aqui: Em um sentido amplo, todas as graças são dons do Espírito Santo. Mas existem categorias: (1) graça santificante - são destinados à nossa santificação. O termo Dons do Espírito Santo normalmente se refere a esta; (2) graças atuais - dons circunstanciais; (3) graças sacramentais - próprios de cada sacramento; (4) graças especiais (ou carismas) - Estes são destinados a algum benefício da comunidade e não diretamente para o santificação do destinatário. Aqui refere-se ao rezar em línguas e cura dos enfermos. Entre as graças especiais estão as chamada - graças de estado - que acompanham o exercício dos ministérios eclesiais e das responsabilidades da vida e que são dadas a todos, como a graça de ser um bom pai, um bom professor, um bom orador, um bom padre, etc.

O tipo de fenômenos que vêmos nas reuniões carismáticas definitivamente pertencem a categoria de graças especiais - não há sinal de santificação caracterizados pelos chamados Dons do Espírito Santo. Certamente, nenhuma ocasião de contemplação inspirada em massa - que nunca é dado - nem rotineiramente seria. Os fenômenos orar em línguas, cura, etc...são definitivamente parte da categoria de graças carismáticos e não da graça santificante. Assim, eles não são uma atualização dos dons do Espírito Santo, que pertencem à categoria de santificação.

Além disso, os fenômenos de massa em orar em línguas não se encaixam facilmente com o Evangelho de São Paulo em 1 Coríntios 14: 27-28, onde Paulo especifica que não mais do que dois ou três, quando muito, devem falar em línguas, e apenas um de cada vez e somente se houver alguém para interpretar. Permitindo que muitos de uma só vez falem em línguas dificilmente se encaixa com São Paulo. Sim, eu sei que eles dizem que não há diferença entre orar em línguas e falar em línguas. A distinção provavelmente não é importante. Pois sabemos que tem havido casos em que os carismáticos têm amaldiçoado Deus sem saber o que estavam fazendo.

Assim, a implicação de que todos os católicos devem ser carismáticos é inválida. O livreto, "Fanning the Flame", cita alguns textos patrísticos para tentar provar  - que temos  negligenciados as coisas necessárias para o viver o Evangelho "completamente". Mas o textos são insuficientes porque são poucos e nem sempre claros (citaremos os textos abaixo).

Algo assustador:
Nosso Senhor avisou (Mt 7, 22-23.) que no último dia Ele irá rejeitar muitos que operaram milagres: "Muitos me dirão naquele dia: ...não pregamos nós em vosso nome... expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres"- e no entanto eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!"
Então, aqueles com dons extraordinários podem ser que nem mesmo estejam em estado de graça - muito menos a graça santificante!

Vaticano II, "Lumen Gentium" 12 diz: ....Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja. Não se devem porém, pedir temerariamente os dons extraordinários nem deles se devem esperar com presunção os frutos das obras apostólicas...
Essas coisas como línguas, curas, milagres, etc... são carismas extraordinários. O Concílio diz que eles não devem ser temerariamente recorrente - o que é muito diferente dizer que todos os católicos devem possuí-los ou falta-se alguma coisa necessária para o evangelho estar "completo".

Quanto aos textos patrísticos, como dissemos, eles são poucos. Alguns são os de Tertuliano, São Hilário, São Cirilo de Jerusalém. Mas o livreto admite em p. 18 que: Tanto Basílio de Cesaréia... E Gregório Nazianzeno. . . colocam os carismas proféticos dentro da iniciação cristã, apesar de eles serem mais reservados em comparação à São Paulo.... Santo Agostinho em "Cidade de Deus" (21.5) precisa argumentar fortemente que os milagres são possíveis, contra aqueles que na sua época negavam a possibilidade. Ele diz que que se outros quiserem dizer que os Apóstolos converteram o mundo sem realizar qualquer milagre - isto seria um grande milagre. Se houvesse dons milagrosos ao redor de Santo Agostinho ele teria simplesmente apontada para eles. Mas ele não o fez.

Quanto a dívida para os clássicos pentecostais - na primeira década deste século um grupo de protestantes afirmaram ter carismas milagrosos em abundância. As principais igrejas protestantes não os receberam bem, então eles fizeram o que normalmente os protestantes fazem, criaram igrejas dissidentes. Mais recentemente, talvez 20 anos atrás, um grupo de Católicos, justamente pelo contato com os pentecostais protestantes, começaram a alegar a abundância desses dons novamente....

*Comentário sobre este panfleto que foi muito distribuido em palestras carismáticas nos USA.
Fonte EWTN

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In Christo Rege!

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